terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Lendas Piauienses


O que é lenda
As lendas são "estorias" tradicionais contadas por pessoas mais velhas, de geração em geração. Essas lendas são carregadas de crenças e costumes populares, narradas por meio de canções, encenações e danças. E, de forma especifica compõe o cenário folclórico de cada região do país.
Agora vamos conhecer algumas lendas que fazem parte da história cultural do Piauí:
 Bumba Meu Boi, Carneirinho de Ouro, Caipora, Porca do       Dente de Ouro, Num-se-pode, Zabelê, Curupira, Barba Ruiva   do Piauí, Pedra do Castelo, Cabeça de Cuia(sendo uma das mais conhecidas e aconteceu em Teresina). 

Lenda da mulher Num-se-pode

"Num-se-pode", ou "Maria não se pode", ou "Mulher não se pode", é o nome pelo qual é conhecida uma das assombrações mais famosas e antigas do Piauí, essa lenda é tipicamente piauiense. Era uma jovem, muito bonita, alta, de cabelos morenos e corpo perfeito, passava as madrugadas a rondar o centro da atual capital. Segundo dizem, vestia roupas de boa qualidade(quase sempre um vestido vermelho ou branco que, de tão longos, varriam o chão por onde passava) e caminhava a passos lentos. Geralmente, transitava pelo trecho que ia do Alto da Moderação à Praça Saraiva, onde, ao chegar, ficava circundando na região da praça e da Rua do Barracão.

De tão linda, chamava a atenção de qualquer transeunte, de modo que não eram poucos os que em vão tentavam acompanhá-la. Todavia, apesar de caminhar lentamente, sempre que alguém estava próximo de alcança-la, dobrava uma esquina e
desaparecia misteriosamente. Naqueles idos, não haviam ainda em Teresina lâmpadas alimentadas por energia elétrica. A iluminação das principais ruas era feita por postes com lampiões a gás, enquanto o restante da cidade ficava às escuras ou à luz de velas ou lamparinas.

Essa bela e alta mulher sempre esperava suas vitimas na região da Praça Saraiva, embaixo de um desses postes iluminados por lampiões à gás, onde costumava se encostar sempre que um homem dela se aproximava.

Os homens, atraídos por sua enorme beleza, aproximavam-se estranhando o fato de tão bela mulher estar àquela hora naquelas ruas, de modo que muitos lhe ofereciam ajuda, acreditando que estivesse perdida ou coisa semelhante.
Quando chegavam frente a frente com a mulher, ela pedia um cigarro, e, assim que lhe entregavam ela vagarosamente ia aumentando de tamanho, aumentando, até alcançar a chama que brilhava no alto do poste, que, geralmente, tinha três metros de altura, e, ali acendia o cigarro recebido.

O pretendente, sem acreditar no que seus olhos tinham visto, saia correndo apavorado, enquanto a misteriosa criatura se punha a gargalhar e a gritar repetidas vezes; "Num-se-Pode, Num-se-Pode, Num-se-Pode", numa voz ecoava pela escuridão como que um assustador deboche, enquanto a entidade desaparecia na noite escura.
     
       

Lenda da Porca do Dente de Ouro

Muitos anos atrás, lá pelos anos 1930, havia um sanfoneiro muito famoso nas festinhas que o povo fazia no Piauí. O homem era um musico de mão cheia. Fazia coisa com a sanfona que nem mesmo Luiz Gonzaga, à época um sanfoneiro ainda desconhecido, entendia como era possível. Havia pouco tempo, enamorara-se dele Raimunda, uma moça que era um verdadeiro tamborete de forró. Ela não perdia uma festa. Estava em todas. Foi nessas festas que eles se conheceram. O namoro estava agoniado. Logo a moça não dava folga para os concorrentes. Até porque o moço era bem danado. Mas ela só podia ser especial para ele. Ele tinha até pago um ourives para colocar em sua boca um dente de ouro, no local de onde havia caído uma das presas de sua boca.

Toda vez que o rapaz ia para uma festa, a moça acompanhava se enfiando atrás dele. Naquele tempo, uma moça que assim se comportava não era muito bem vista na sociedade. Moça de família não podia andar atrás de macho e muito menos se "emburacar" em todo forró que havia em  qualquer beira de esquina. Mas Raimunda não ligava muito pro que o povo pensava. Ocorre que sua mãe se importava MUITO. A velha, uma beata daquelas muito católicas que não saia da igreja, vivia brigando com a filha, tentando impedi-la de embarcar no mundo da devassidão. Preocupada, sempre pedia em suas orações, que Deus iluminasse a cabeça da sua filha, que há muito não lhe ouvia. Toda vez que a moça se emperiquitava para sair pro forró, o diabo faltava sair da garrafa dentro daquela casa. Pense, caro leitor, numa discussão feia. Nem um sermão do padre da paróquia sobre a importância dos filhos obedecerem a seus pais tinha dado resultado. A velha,coitada, vivia indignada. Dizia pra moça que se esse rapaz não quisesse mais ela, ninguém mais ia querer casar com ela, mas a moça não lhe dava ouvidos e respondia sempre com insultos e blasfêmias.

Certo dia, a moça se preparava para sair e novamente começou a confusão. O arranca rabo, dessa vez, foi tão pesado, que a jovem acabou por agredir sua mãe com uma dentada que lhe arrancou parte do rosto. A velha, então, ferida, lançou uma maldição na filha: daquele dia em diante, ninguém mais ia querer nada com ela e ela haveria de se tornar uma porca grande e feia que ninguém ia querer ver ela nem de longe. A moça, furiosa, virou as costas para a mãe e saiu batendo a porta do casebre, deixando a velha ferida sangrando e chorando.

Chegando na festa logo se pós a procurar o sanfoneiro. Tocando ele não estava . Só o resto do seu grupo estava no palco animando a festa. Onde estaria Será que havia dado uma pausa para descansar ou ir ao banheiro Já o procurara olhando por todo canto, quando, de repente, o viu num cantinho escuro perto do balcão do botequim, tomando uma dose de cachaça, enquanto abraçava e beijava uma moça que apresentava aos amigos. Já transtornada pela fúria, o humor da jovem só piorou, e partiu pro rumo do rapaz decidida a tirar aquilo a limpo. Chegou nele já o empurrando violentamente, afastando-o da mulher que abraçava, e perguntou histérica:

– Quem é essa sirigaita?

– Opa! Respeite minha mulher sua rapariga… Cê pensa que só prucauso qui eu li usei cê tem direito de chegar aqui ofendendo ela? Sai de perto de mim que eu num quero mais nada com você não!

 Rapariga? Era isso o que ela era pra ele? E ele era casado?
 A moça num olhar perdido ainda empurrou o homem gritando de forma histérica e saiu dali correndo, enquanto todos riam dela. Saiu correndo pela noite escura aos prantos. Não podia acreditar naquilo. Já se arrependia de não ter dado ouvidos à velha mãe. Mas de todo jeito estava perdida. Era tarde para arrependimentos. Agora sim, depois duma humilhação pública daquelas em meio a toda a festa ninguém ia mais querer nada com ela mesmo. “Teria isso sido causado pela praga lançada pela desgraça da minha mãe? Sim, é claro, só pode ser! É tudo culpa daquela velha inútil!”. O arrependimento que já se formava em sua mente é afastado pelo ódio que sentia em seu peito naquele momento. A jovem não conseguia reconhecer sua culpa, pois não acreditava ter feito nada errado.

Nesse momento, iniciou-se uma transformação. no céu, uma lua despontava por detrás de uma nuvem, enquanto a jovem começa a se encurvar, criar pelos e cascos nas extremidades de seus membros em lugar de pés e mãos. As orelhas ficam enormes e o nariz se transforma em um focinho. Os seios se tornam inúmeras tetas por todo o abdômen e acima das nádegas nasce um rabinho. Na boca desponta um longo e afiado dente de ouro. Quando o astro celeste aparece por inteiro no céu, a transformação está completa: a jovem tinha virado uma porca grande, feia, magra, com as tetas longas e as orelhas compridas, olhos avermelhados que brilhavam no escuro e uma enorme presa de ouro saindo de sua boca.

– Ficará assim por todas as noites até que um corajoso lhe arranque este dente de ouro. 

– disse-lhe uma voz que parecia vir das nuvens que povoavam os céus naquela noite escura.

Essas pessoas que viram bicho, quando transformadas, perdem a capacidade de raciocinar como ser humano. Passam a pensar como bicho, guiados pelo instinto. Apesar disso, na mente da porca só havia uma lembrança: o sanfoneiro que havia lhe humilhado. A obsessão era tamanha que mesmo naquele estado selvagem, a lembrança do homem sobreviveu em sua mente. Assim, roncando e fuçando feito louca, a porca saiu correndo pelos caminhos iluminados apenas pela luz da lua e das estrelas de volta à festa.

Quando chegou ao local, já não havia mais festa. Estavam recolhendo as mesas e limpando o local. O sanfoneiro também não estava mais lá. Já tinha tomado o caminho de casa, acompanhado da esposa. A porca, contudo, conseguiu farejar seu rastro e iniciou a perseguição. Enfim, iria ter sua vingança.

O sanfoneiro e sua jovem esposa caminhavam pela noite, como dois namorados, aos risos. O homem que carregava a sanfona nas costas pegava delicadamente na mão de sua amada. Essa era a cena que a porca visualizou quando conseguiu acompanhá-los, o que só deixou o bicho mais furioso. A porca soltou um ronco alto que parecia vir carregado de dor e raiva. Nas costas os pelos estavam eriçados e os olhos vermelhos brilhavam em meio a escuridão, junto com o dente de ouro que reluzia refletindo a luz do luar. Ao virar-se para ver o que tinha feito tal som, o casal assustou-se com aquele animal furioso e horrendo e correu em disparada.


O animal correu atrás do casal até a porteira da cerca que cercava o terreno da casa em que moravam. Revoltada, ainda roncou e fuçou por não ter conseguido ferir suas vítimas, de modo que passou horas correndo e gritando furiosa ao redor da casa, até que, instintivamente tomou o caminho de casa. O sanfoneiro montou em um cavalo e com uma peixeira à mão ainda perseguiu o animal, mas assustou-se ao ver que entrara na casa da jovem que desprezara mais cedo e que já tinha ido deixar ali por algumas vezes. Ali ainda ouviu enorme barulheira, mas, depois de um tempo, veio o silêncio.
Daquele dia, em diante, ninguém mais viu a jovem nos forrós da vida. Também não a viram em nenhum lugar mais. Nem mesmo à luz do dia, quando mantinha sua forma humana. Dizem que vive trancada dentro de seu quarto, envergonhada por sua dupla maldição: a de ser considerada uma rameira e a de ter se tornado uma besta furiosa. Ali, dentro do quarto, se exilou dia e noite, e só a velha mãe, com o rosto lesionado, ainda se importava com ela, levando comida na porta do quarto. O povo conta que de sua casa, à noite, emanavam os mais horríveis sons. Com certeza, havia ali uma criatura amaldiçoada. Às vezes, naquele estado, conseguia fugir de casa, e, nas noites, invejosa, perseguia os que se aventuravam pelas ruas de toda a cidade, muitas vezes voltando dos mesmos forrós que ela, desobedecendo a sua mãe, frequentava. Aproveitava essas oportunidades pra fuçar e perseguir pessoas por todo o Piauí, já que dizem que nessa forma era dotada de incrível velocidade. Os relatos mais constantes de encontros com a fera eram quase sempre de Parnaíba e Teresina, de modo que nessa última, até hoje, volta e meia, aparece um dizendo que viu a porca do dente de ouro assombrando as ruas na madrugada…





Lenda do Pé de Deus e Pé do Diabo


Cidade de Oeiras
Na cidade de Oeiras existe uma lenda chamada: Pé de Deus e pé do diabo.
Diz a lenda que em tempos fabulosos, em que Jesus andava na Terra, o Demônio o perseguia implacavelmente. Havia um pé de calumbi. O Divino, sendo acuado pelo Tinhoso, passou por baixo da planta, deixando miraculosamente moldada sua pegada em um lajeiro. O mesmo teria ocorrido ao seu tenebroso perseguidor. Dizem ainda, que as impressões das marcas na pedra não foram à toa. Jesus a teria deixado como prova do quanto apreciara aquela terra, habitada por uma gente de almas e corações puros, plantando, propositalmente no rochedo, como sinal perene de sua predileção, a marca do seu pé divino. O Diabo, invejoso que é, pôs o seu ali bem perto, para deixar também sua marca no local.
A marca do "Pé de Deus", orientada no sentido oeste-leste, está nas margens lajeadas do intermitente riacho Pouca-Vergonha, a uns 70 metros da Casa da Pólvora, secular construção de pedra. A marca é de tamanho aproximado da de um homem adulto, embora o calcanhar seja um pouco estreito. Foi feita com sulco de contorno bem regular, apresentando uma suave concavidade em sua palma. Os dedos também foram polidos em concavidade. Estas depressões foram se aprofundando progressivamente com a raspagem da rocha para amuletos por antigos e atuais beatos e curiosos. Ao seu redor, veem-se restos de incontáveis velas que os mais crentes acendem em prece e devoção.
Ao lado do Pé de Deus, um monte de pedras bem empilhadas assinala o local exato da pegada do Diabo, uma concavidade hemisférica. Reza a tradição que um dia o demo tentou agredir Jesus, sendo, porém, derrotado. Em menosprezo ao capeta, as pessoas que visitam o local colocam uma pedra sobre o pé do Diabo.
Segundo os Oeirenses, partes das pedras são retiradas ano a ano de cima da pegada do diabo, pois caso não tirassem a cidade já estaria soterrada de tanta pedra. Só que, com o tempo, o monte volta a crescer. Dizem que no dia em que o monte de pedra for totalmente desmanchado, deixando aparecer a pegada do Inimigo, se manifestará o Apocalipse.
Pé de Deus

Pé do Diabo
Lenda do Castigo do Castelo


Na cidade de Castelo do Piauí há uma formação rochosa que lembra um antigo castelo medieval. A Pedra do Castelo é simplesmente fantástica. De longe, a aparência é de um castelo abandonado, com suas muralhas erguidas e que teimam em se manter de pé. A proximidade faz surgir imensos portões em forma de arco, que dão acesso a diversos salões onde morcegos e animais fazem as suas moradas. A pedra já foi usada como habitação e cemitério indígena – fato comprovado pelos vestígios espalhados pelo lugar, como pinturas e gravuras rupestres – e também como cemitério cristão até mais ou menos a década de 40 do século XX.

A lenda diz o seguinte:
Há muito tempo atrás, um monarca muito poderoso, dono de um castelo imenso e com altas torres vivia no Piauí. Guardava ele um mal dentro de si, uma natureza perversa. Tinha por costume convidar moças e rapazes vindos de reinos de todo mundo para festas que se transformavam em orgias profanas que, nada mais eram do que parte de um rito macabro, já que logo ao nascer do sol, no fim das festas, o rei mandava que seus guardas matassem todos os convidados.
Aquele ritual horrendo se repetia com frequência, e sempre o rei, depois de gozar os prazeres da carne, assassinava todos. Parecia que sentia prazer naquilo. Não havia motivo para agir assim, mas ele o fazia. Simplesmente para mostrar que tinha poder
para aquilo, que ele mandava ali. E ele gostava de ouvir os gritos de terror dos convidados enquanto eram massacrados. Acreditava que era uma excelente forma de mostrar a seus súditos que não deveriam desafiá-lo.
Um dia, dos céus, desceu um anjo a mando do Senhor até o castelo durante uma daquelas festas. Disfarçou-se em um belo jovem e assistiu a tudo. Logo que o rei ordenou a morte dos convidados, nos primeiros raios de sol, o anjo transformou todos ali e tudo que havia no castelo, inclusive o próprio castelo, em pedra.
Dizem que nas noites de lua cheia, é possível ouvir ali o som de violinos que ecoam pelos portões do castelo que refletem a luz de velas. O que o povo fala é que o castelo é encantado e, nessas noites, à luz do luar, ele retorna à vida, transformando-se novamente em pedra ao nascer do sol.

Lenda da Pedra do Castelo


Algumas décadas atrás, o povo encontrou uma imagem de Nossa Senhora do Desterro em uma das grutas do Castelo de Pedra. A imagem foi então levada para a cidade e colocada no alto de uma capela, de onde desapareceu depois de alguns dias.
Um dia, um dos moradores da região, foi até o castelo e encontrou a imagem desaparecida por lá. Novamente levada para a capela, tornou a desaparecer, sendo novamente encontrada na gruta. Isso aconteceu mais algumas vezes e ela sempre aparecia misteriosamente na gruta. Cansada de tanto desaparecimento, a população, achando que fosse coisa de algum vândalo, resolveu acorrentar a imagem e colocá-la sob uma grade protetora. Ainda assim, ela desapareceu novamente. Só então o povo percebeu que havia um mistério por trás disso.
Foram até o castelo de pedra e, conforme já esperavam, encontraram novamente a santa por lá. Foi então que esculpiram na pedra um altar para ela, para que pudesse ser adorada ali. A santa nunca mais fugiu e o salão em que foi colocada, o mesmo em que sempre aparecia, passou a ser chamado de salão das orações. No entanto, o que dizem é que só as pessoas dotadas de uma enorme fé conseguem vê-la.

Lenda do Carneirinho de Ouro
É uma lenda da cidade de Oeiras. Dizem os antigos que o carneirinho vive em uma gruta do Morro do Leme e costuma sair do seu esconderijo às altas horas da noite para passear até o Morro do Sociedade, no lado oposto da cidade. É reluzente, anda rápido e ninguém até hoje conseguiu pegá-lo. Dizem que se alguém o fizer, ficará riquíssimo. O carneiro é tido com um animal de Deus e São João Batista o traz nas costas. Faz parte do folclore e se incorporou como lenda no Piauí, onde aparece com uma estrela de brilhantes na testa que indica grandes riquezas.


Lenda do Zabelê
O chefe da tribo dos Amanajós tinha uma filha chamada Zabelê, que amava Metara, um índio da tribo dos Pimenteiras, terríveis inimigos dos Amanajós. Dizendo que iria colher mel perto de onde o rio Itaim deságua no rio Canindé, Zabelê aproveitava para se encontrar com o seu amado Metara. Um dia, um índio chamado Mandahú, da tribo dos Amanajós, desconfiou daquelas andanças e resolveu seguir Zabelê, descobrindo o seu esconderijo. É que Mandahú era apaixonado por Zabelê, e não suportava o seu amor não correspondido, principalmente porque se via preterido por um inimigo. Certa vez, Mandahú resolveu levar algumas testemunhas para desmascarar Zabelê. Os dois amantes foram descobertos, surgindo uma briga que resulta na morte de Zabelê, de Metara e de Mandahú. O fato deu origem a outra guerra, que durou seis sós e sete luas. Mas Tupã teve pena dos dois amantes e resolveu transformá-los em duas aves, que andam sempre juntas e cantam tristemente ao entardecer. Mandahú foi castigado e transformado em um gato maracajá, eternamente perseguido pelos caçadores por causa do valor de sua pele. Zabelê ainda hoje canta a tristeza de seu amor infeliz.


Lenda Morou, tá na boca


Lenda piauiense gerada do relacionamento de um alfaiate anão com sua irmã na cidade de Teresina. Conta a lenda que quando a vizinhança descobriu o relacionamento, espancaram a moça te tal maneira que ela fugiu da cidade e nunca mais foi vista. O anão com medo de também ser coagido, nunca mais saiu de casa, jurando vingança através de feitiço aos preconceituosos do seu amor. Contam os antigos que quando saia de casa pelas madrugadas em Teresina, transformava-se em um animal peludo parecido com um carneiro grande, que corria atrás das pessoas dizendo: “morou, tá na boca”.
Lenda do Bumba Meu Boi
A encenação do Bumba Meu Boi tem como base uma lenda que se passa em uma fazenda às margens do rio São Francisco. Ela retrata a configuração social do período da escravatura, mostrando o tipo de relação de poder entre escravos e senhores e as crenças religiosas da época.Segundo a história, em uma grande fazenda de criação de gados, um casal de escravos, Catirina e Francisco (também conhecidos como Mãe Catirina e Pai Francisco, em algumas regiões) passam por uma situação inusitada.
Catirina está grávida e, certo dia, conta ao marido que está morrendo de desejo de comer língua de boi. O marido, sabendo que desejo de mulher grávida é uma ordem, busca uma solução. Francisco fica angustiado. Com tantos bois perto, nenhum pertencia a eles, são todos do patrão. Catirina então, admirando a lua pela janela, avistou um boi bonito, gordo e vistoso e pensou no quanto desejava comer língua de boi. Seu olhar comprido comoveu o marido, que pegou o boi, o matou e cozinhou sua língua, saciando o desejo da esposa.
O restante do boi, Francisco repartiu com os vizinhos, sobrando apenas o par de chifres e o rabo, que ninguém quis.
Os dias passaram e, numa tarde qualquer, o amo começou a andar por sua propriedade para conferir o rebanho. Foi então que ele sentiu falta de seu grande boi que havia mandado trazer do Egito e perguntou a um de seus empregados onde estava ele. O escravo, então, disse que seu boi havia sumido. Um outro escravo que passava por ali, revoltado por não ter ganhado nenhuma peça de carne, deu com a língua nos dentes e contou que Francisco havia matado seu gado.
Inconsolado, o amo caiu no choro. Francisco e Catirina, com medo da reação do patrão, fugiram para uma outra cidade. O amo não queria nem saber, só queria seu boi vivo de volta. Chamou rezadeiras, pagaram penitências, curandeiros também foram anunciados para tentar ressuscitar o boi, mas o rabo, os chifres e o esqueleto permaneciam no mesmo lugar.
A história do senhor que chorava por seu boi assassinado se alastrou pela região, chegando até a cidade para onde fugiram Catirina e Francisco. O casal, então, confessou que estava morrendo de arrependimento pelo crime cometido. O filho do casal, já grandinho, ouviu a história e pediu aos pais que o levassem até a fazenda.
Chegaram então os três na propriedade. Mesmo com medo de receber algum
tipo de castigo, o casal acompanhou o filho, que pegou o rabo do boi, espiou lá dentro e deu três sopros muito fortes. O boi, então viveu e saiu chifrando quem tivesse pela frente. O amo não se aguentava de tanta alegria. Abraçava todos e até perdoou Catirina e Francisco.


Lenda do Cabeça de Cuia
A lenda do Cabeça de Cuia trata-se da história de Crispim, um jovem garoto que morava nas margens do rio Parnaíba e de família muito pobre. Conta a lenda que certo dia, chegando para almoço, sua mãe lhe serviu, como de costume, uma sopa rala, com ossos, já que faltava carne na sua casa frequentemente. Nesse dia ele se revoltou, e no meio da discussão com sua mãe, atirou o osso contra ela, atingindo-a na cabeça e matando-a. Antes de morrer sua mãe lhe amaldiçoou a ficar vagando no rio e com a cabeça enorme no formato de uma cuia, que vagaria dia e noite e só se libertaria da maldição após devorar sete virgens, de nome Maria. Com a maldição, Crispim enlouquecera, numa mistura de medo e ódio, e correu ao rio Parnaíba, onde se afogou. Seu corpo nunca foi encontrado e, até hoje, as pessoas mais antigas proíbem suas filhas virgens de nome Maria de lavarem roupa ou se banharem nas épocas de cheia do rio. Alguns moradores da região afirmam que o Cabeça de Cuia, além de procurar as virgens, assassina os banhistas do rio e tenta virar embarcações que passam pelo rio. Outros também asseguram que Crispim ou, o Cabeça de Cuia, procura as mulheres por achar que elas, na verdade, são sua mãe, que veio ao rio Parnaíba para lhe perdoar. Mas, ao se aproximar, e se deparar com outra mulher, ele se irrita novamente e acaba por matar as mulheres. O Cabeça de Cuia, até hoje, não conseguiu devorar nem uma virgem de nome Maria.


Lenda do Curupira
O curupira é um anão forte e ágil de cabelos ruivos, presente nas lendas do folclore brasileiro.
A lenda do curupira diz que ele é o protetor das florestas, que mora na mata e vive fazendo travessuras.
Uma das principais características do curupira é possuir pés virados para trás. Dessa forma, ao caminhar, o curupira consegue enganar alguém que pretenda segui-lo olhando para suas pegadas. O perseguidor pensará sempre que ele foi na direção contrária.
Há controvérsias sobre a data de criação da lenda do Curupira. Contudo, o padre jesuíta espanhol José de Anchieta (1534-1597) escreveu sobre o personagem no XVI, denominando-o como “demônio que acometem os índios”.
Para os índios e os bandeirantes, o Curupira era considerado uma criatura perigosa, demoníaca, maliciosa, muito temida. Isso porque esse personagem esteve associado a muitos casos de violência, abusos sexuais, rapto de crianças e horror psicológico. Capaz de enfeitiçar as crianças, o Curupira as raptava e somente depois de sete anos elas eram devolvidas aos pais. Por isso, ficou conhecido como o mau espírito, disposto a assombrar as noites dos índios e dos bandeirantes.
O Curupira, conhecido como “demônio da floresta”, assobia e utiliza falsos sinais.
Ele reúne muitas histórias que envolvem mistérios inexplicáveis, por exemplo, o desaparecimento de caçadores, bem como o esquecimento dos caminhos. Dizem que com seus pés virados para trás, o curupira engana e confunde as pessoas que danificam seu habitat, por exemplo, os caçadores, madeireiros, lenhadores, etc. Esse personagem folclórico não gosta de locais muito habitados e, por esse motivo, prefere viver nas florestas. Outra característica do Curupira é que gosta muito de fumar e de beber pinga. Uma característica e, talvez o ponto fraco do Curupira, é a sua curiosidade. Assim, a lenda adverte que para escapar de suas armadilhas, a pessoa deve fazer um novelo com cipó e esconder bem a ponta. Muito curioso, ele fica entretido com o novelo e a pessoa consegue fugir. Até os dias atuais, para que não sejam incomodados pelo Curupira, muitos caçadores e lenhadores costumam oferecer-lhe pinga e fumo quando chegam à floresta. Um dos mais destacados personagens do folclore brasileiro, a lenda do Curupira é conhecida e contada em diversos lugares do Brasil. Muitas vezes, ela pode ser confundida com outra, a lenda do Caipora. O fato é que ambos possuem os mesmos gostos e funções semelhantes. Os dois personagens gostam muito de fumar e de beber, são muito ágeis e, sobretudo, zeladores das florestas. 


terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Música popular do Piaui 

A cultura  música do Piauí e bastante ampla e abundante nas agregações dos fatos e pensamentos do povo piauiense alcançando o merecido destaque pela sua multiplicidade reconhecida em seus vários estilos, porém de forma individual e sempre inovadora, com a inserção do pop, do axé, do clássico e até mesmo o samba. No Piauí as formas e estilos musicais sempre se diferenciam a pontos extremos, mas há sempre um estilo que predominam, movimentando músicas que agitam as festas e apresentações por todo o estado, sempre com grande público alvo em seus shows. Todo ano acontece o Festival de Música do Piauí justamente com o propósito de apresentar novos temas, estilos e novos lançamentos da música piauiense, dentro de vários contextos, com a divulgação de novos artistas e bandas. De acordo com dados do festival o número de bandas e artistas que surgiram os últimos anos na cultura desvenda uma cultura de composição extremamente ampla e rica.



Beto Brito - Seu nome de batismo é Edilberto Cipriano de Brito. Nasceu em 1962 em Santo Antonio de Lisboa, interior do Piauí, onde viveu até o início de sua adolescência. Ali cresceu no meio das feiras livres da região. Em 1983, mudou-se para a cidade de João Pessoa, a fim de dar seguimento a sua carreira artística. Aqui, estudou rabeca na Escola de Música Antenor Navarro, e se dedicou à pesquisa no campo da cultura popular. Também começou a se apresentar em festas e outros eventos. Depois, já maduro, participou de diversos festivais nacionais e internacionais.


Francis Lopes- piauiense de Santo Inácio do Piauí-PI, nasceu dia 07 de agosto, na localidade Patos, hoje pertence ao município de Floresta do Piauí-PI. É filho de seu Pedro Lopes e dona Mariana e é o quinto filho de uma família de nove irmãos. Francis começou a fazer suas próprias canções e a convite do amigo empresário “Carlão Promoções”, de Simplício Mendes, resolveu voltar e fazer shows com essas canções. Ganhou destaque nas cidades vizinhas e despertou o sonho de gravar um Disco. Em 1988 foi morar em Teresina-PI para concluir o colegial e o curso técnico em contabilidade. Em 1989, depois de percorrer todas as cidades vizinhas com seu pai, Pedro Lopes, fazendo rifas e bingos de animais que ganhava dos amigos, gravou seu primeiro Tape em Fortaleza.



Carlinhos Piauí-Nascido em Teresina (PI), no ano de 1963, e radicado em Brasília desde 1974, começou sua história com a arte em 1978, quando descobriu sua aptidão pela música. Em 1980, já fazia parte do grupo Sertão, com quem gravou, num compacto duplo, a canção vencedora no Festival de Canção da Cidade do Gama. Oito anos depois, ingressou na Escola de Música de Brasília para estudar percussão. Bem influenciado por menestréis como Jackson do Pandeiro, Ivanildo Vila Nova, Luiz Gonzaga, Alceu Valença e outros defensores da cultura popular, Carlinhos Piauí trazia na bagagem a história do seu povo e seus costumes; as lendas, os folguedos, a alegria e o sofrimento de sua gente.



O Repente


É uma das maiores manifestações culturais do norte e nordeste do Brasil, praticada por inúmeros artistas e admirada pela grande maioria da população sertaneja. No entanto, sua origem é ligada aos trovadores medievais, pelo modo como começaram a ser feitas as apresentações do repente.Em sua essência o repente pode ser definido como uma poesia cantada, que tem como elemento característico o improviso, a criação de versos no momento em que estão sendo feitas as apresentações, por isso essa denominação vinda da expressão “de repente”, que significa momentaneamente, que é tido como surpresa para os que presenciam tais ações.



Joaquim Mendes - É conhecido como Joames para amigos e parentes.Nasceu em Pedro II, mas mora em Teresina há 44 anos.Com 61 anos de idade, é viúvo e pai de 5 filhos.Possui mais de 100 folclores de Cordel.Lançou pelo menos 6 livros referentes ao assunto.É um pesquisador e estudioso da literatura e cordelista atuante.Não é repentista declarado, mas se apresenta algumas vezes nas noites de trovadores que acontece semanalmente na Casa do Cantador.




Antônia Gomes- conhecida como Toinha Brito.Nasceu em Mucambo, no Ceará.Viveu no Maranhão por muitos anos.Desde 1991 mora no Piauí, em Teresina.Aos 12 anos já sabia fazer centelha.Com 13 anos cantava acompanhada de viola,Sua primeira cantoria com um violeiro veterano foi em 29/09/1978.Começou se apresentando com seu irmão.Tem dois CD’s gravados, um acompanhada de outra repentista e o outro solo.É casada, tem 2 filhos, um adotado e um biológico, sendo este o único que demonstrou interesse pelo repente.

 

Cordel




Literatura de cordel também conhecida no Brasil como folheto, é um gênero literário popular escrito frequentemente na forma rimada, originado em relatos orais . No Nordeste do Brasil o folheto brasileiro pode ou não estar exposto em barbantes. Alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, também usadas nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.


"CORDEL em homenagem ao Piauí"

Autor: Orlando Paiva

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Piauí terra querida

Filha do sol do Equador,

Terra com belezas naturais

Obras do Pai Criador,

Dádiva da mãe natureza

A esse povo acolhedor.

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É feliz quem vive aqui

o slogan é popular.

São inúmeras maravilhas

Que agora irei falar,

Neste humilde cordel

Que vou homenagear.

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Temos o Delta do Parnaíba

Que nos deixa fascinado,

O maior a céu aberto

Que na América foi criado,

Com perfeição por Deus

E a nós presenteado.

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Temos o Cabeça de Cuia

Uma lenda popular,

Que encanta nosso povo

E quem vem nos visitar.

Em sua homenagem

Há um monumento exemplar.

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O Encontro dos Rios

Merece nossa admiração.

Temos Igreja de São Benedito

Lugar de reza e oração,

Onde o católico teresinense

Mostra sua devoção.

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A nossa Educação

Merece ser destacada.

A melhor escola do Brasil

Pelo ENEM considerada,

Está aqui no Piauí

Pelo Sudeste invejada.

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O Piauí é um dos maiores

Produtores de algodão,

Produzimos soja e mel

Tudo para exportação,

Temos a maior bacia de gás

Existente na nação.

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Somos ricos culturalmente

Somos parte da história,

Foi aqui que se travou

Uma batalha de glória,

Defendemos nosso Brasil

Não sai da nossa memória.

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A Batalha do Jenipapo

em Campo Maior aconteceu,

Uma turma bravamente

Nosso país defendeu,

Nas águas do heroísmo

O sangue deles escorreu.

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Parque Serra da Capivara

Outro valioso local.

Maior museu a céu aberto

Uma relíquia mundial.

Fonte de muita pesquisa

Patrimônio cultural.

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Reconhecido pela UNESCO

O Piauí é privilegiado,

Pois foi aqui nessa terra

Em nosso querido Estado,

Que o Homem Americano

Deixou o seu legado.

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Temos Sete Cidades

Outro presente celestial,

Com rochas fascinantes

Também destaque nacional,

Utilizada como cenário

Em uma novela global.

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A ?Cachoeira do Urubu?

Merece ser recordada.

A Lagoa do Portinho

Também é apreciada,

Pelas pessoas visitantes

Que saem admiradas.

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Outro ponto forte

Que merece atenção,

É o nosso Artesanato

Feito com perfeição,

Na madeira ou na argila

O Piauí é o campeão.

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Nossos escritores são únicos

Seus textos nos dão prazer.

Temos Da Costa e Silva

Que jamais vamos esquecer,

Um verdadeiro gênio

Na arte de escrever.

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Por isso meu Piauí

Sinta-se abraçado.

Pertence-te a nossa vida

cantamos emocionado,

nesta data de glória

em que és festejado.